segunda-feira, 22 de março de 2010

Errado é o Certo
(Di Plural)



Depois de refletir um tanto, e rebobinar o que passou, percebi que você não é a pessoa certa pra mim.

Hoje estou mais certo que nunca disso, graças a Deus!
As pessoas certas são chatas, não se atrasam, falam palavras bonitas e doces, de tão doces chegam enjoar.

Por isso me atraio por ti. Por ser assim: Todo errado.
É quem me faz perder a cabeça, falar besteiras, virar copos, sentir ciúme, enlouquecer...
A pessoa certa não passa um dia sem me ligar.

A pessoa errada me faz esperar dias, e nenhuma ligação.

Quando o telefone toca, toca alto em mim a esperança.

Você é tão errado que me faz chorar, mas chega na hora certa de secar as mesmas lágrimas.
Pra quê uma pessoa certa em minha vida?

Minha vida nunca foi lá muito certa mesmo.
Se tudo der certo, você permanecerá errado assim,

Soltando-me a mão ainda no meio do caminho, pra que eu possa provar a mim mesmo, e ao mundo inteiro, o quanto sou capaz.

Depois de ter encontrado a pessoa errada, as coisas começaram a se acertar.

Vou pedir aos deuses todos, ainda que nem esteja certo de que eles existam que conservem presente a pessoa errada,

Só assim será alimentado em mim, o desejo de acertar.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Aquela Noite

Di Plural

Sábado à noite e eu no quarto, com a luz apagada, deitado na cama, ouvindo o som dos carros lá fora, caía uma fina chuva, o que me acovardava ainda mais em sair de casa, mas sábado a noite é sempre, ou quase sempre tão bom sair de casa, principalmente por que sempre rolam umas paqueras, e de repente pode ser mais interessante estar deitado em minha cama, acompanhado por um corpo quente, a estar sozinho embrulhado com a luz apagada e ouvindo o som dos carros lá fora. Meu dia fora bastante tumultuado e cansativo hoje. Sou fotógrafo e trabalho para uma revista local, mas mesmo cansado, confesso que uma das coisas que menos me atrai, é não fazer nada, como estar dormindo, penso logo na quantidade de coisas que eu poderia estar fazendo nas ruas, penso que inúmeras pessoas estão lotando os motéis, os bares, as ruas, boates, e me dá inveja dos que estão vivendo enquanto eu durmo, e no sonho deixo a vida passar.

O barulho dos carros lá fora era convidativo demais.

Levantei-me, pus-me nu, larguei minha cueca na porta do banheiro deixando lá atrás no piso do quarto minha surrada camiseta branca, fui tomar um banho, enquanto me molhava pensava se realmente deveria sair de casa aquela noite. Ou se seria melhor deitar-me novamente em minha confortável cama e entregar-me ao sono, estava de fato cansado, mas enquanto a água fria molhava meu corpo, despertava-me o desejo do desfrute, do sexo, das loucuras todas que envolvem as noites de sábado. Saí do banheiro sem toalha, totalmente nu, meu apartamento fica de frente a outros dois apartamentos, e sempre que faço isso, percebo que tem alguém a me olhar. Não foi diferente. Fui até a cozinha, cortei duas grandes laranjas e preparei um suco, voltei tomando o suco totalmente nu, e percebi que estava sendo visto por uma mulher que morava no terceiro andar, ela fumava um cigarro e era a única coisa que a denunciava na escuridão de sua sala, além dela, um jovem em seu quarto, no andar debaixo, também me observava, ele era um adolescente de aparentemente dezesseis anos, assim como eu, não parecia ter vergonha de que eu o visse. Apaguei a luz da minha sala, mas o pouco de luz que vazava de minha cozinha permitia-os que vissem minha silhueta. Tomei ali meu suco e fui me aprontar. Estava decidido a sair de casa. Coloquei uma calça jeans bastante surrada e uma camiseta branca. Deitei na cama, mas antes passei os olhos no meu rádio-relógio que marcavam 22:15. Acho que adormeci.

Despertei assustado, dei um pulo da cama, e saí cambaleando pela casa como se estivesse atrasado a um encontro marcado, nem olhei para o relógio. Entrei no elevador ainda sonolento e confesso que nem me lembro bem de como cheguei até lá fora, onde estava meu carro. De frente ao meu edifício um comercio bem variado, tem panificadora, locadora, floricultura, avicultura e diversos bares. Meu carro estava estacionado exatamente na frente de um dos bares e o pior é que uma tremenda confusão estava acontecendo justamente ali naquele bar. Homens gritando, quebrando garrafas, tirando a camisa, dei as costas e abri a porta do meu carro. Escutei tiros, mas nem olhei para trás, e foi então que senti algo penetrando minha cabeça, um gosto de sangue tomou conta de minha garganta, era uma bala perdida. Meu corpo caiu na calçada molhada, pessoas correram e passaram por mim, ouvi mais alguns tiros enquanto olhava involuntariamente um céu escuro e chuvoso. Senti vontade de mijar, e acabei mijando ali mesmo, nas minhas velhas calças surradas. Um barulho de polícia ensurdecia-me, meus olhos agora estavam fechados e eu não tinha força para gritar por socorro. Ouvi de longe um toque de telefone, tentei abri os olhos, mas não consegui. Insistentemente a companhia de um celular gritava, estava suando frio e achei que fosse morrer, Dei um pulo seguido de um estrondoso grito e sentei-me assustado, percebi que era o toque de meu celular que insistia em me chamar, e que eu estava todo mijado em cima de minha cama, levantei-me sonolento, meu telefone parou te tocar, pus-me nu, larguei minha cueca na porta do banheiro enquanto a camiseta caia ali mesmo no piso do quarto, fui tomar um banho, enquanto me molhava pensava se realmente deveria sair de casa aquela noite.