segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Loucura


Ato ou fala que apresente um comportamento que denote falta de juizo ou senso de discernimento;
Sensação ou sentimento que foge do controle da razão;
Atitude imprudente, insensata.

Esse é o tema desta semana de Cheiro de Sovaco que entrevistou o ator e cantor Lolo Raposa e também o artista Di Plural.

Lolo Raposa (ator e cantor)









Cheiro de Sovaco
Que cheiro você tem?
Lolo RaposaCheiro? menina to pensando muito
pra ver se começa a cheirar. tenho cheiro de mel

Cheiro de SovacoO que é loucura para você?
Lolo Raposa loucura é viver, viver sendo nós mesmos, um ato de locura é ser justo, ser gentil, ser delicado, ser artista! e ser passivo. Loucura pra mim é a forma mais honesta de viver, de entender a vida! é beleza, é magica, é amar! loucura é morrer sufocado num sovaco.

Cheiro de Sovaco Jamais faria
Lolo Raposa jamais mataria animais por motivo banal, ou seja, se nao fosse pra me alimentar ou defender. e jamais usaria lavanda.

Cheiro de Sovaco Por amor você faria loucuras?
Lolo Raposa Seria capaz de enfrentar o mundo, deus e o diabo! seria capaz de tudo mesmo. o amor é a verdade mais convicta, quando estamos amando. e quando temos isso, somos capazes de tudo!

Cheiro de Sovaco O que está preparando? algum projeto novo?
Lolo Raposa Tô. Dia 5 de março no teatro goldoni estreio o meu espetáculo "Voyeur"
me chamo lolô raposa, Auuuuuuuu!
tô na área
eu uivo mais do que falo, por que o mais importante é o charme. tudo na vida eu conquistei uivando
Auuuu
13 anos de carreira no teatro, e nem um milhaozinho, mas meu desejo é ser feliz a cada dia, cada hora, cada segundo. ter ao meu redor muita gente alegre, bondosa, feliz, gente de coração puro

Cheiro de Sovaco Um sonho.
Lolo Raposa meu sonho é viver um mundo de paz, de tolerancia, de respeito, onde todos poderão viver seus sonhos tranquilamente, onde nao exista medo, nem desrespeito

Cheiro de Sovaco
Um reacado
Lolo Raposa PESSOAL! TUDO É MUITO RAPIDO. NADA É TÃO IMPORTANTE. NINGUÉM É TAO IMPORTANTE, E TODOS TEM SUA DEVIDA IMPORTANCIA. MINHA DICA É: RESPEITO. TUDO O QUE USUFRUIMOS AQUI, NOS FOI EMPRESTADO. VAMOS USAR, SER FELIZ, AMAR, COM HUMILDADE E CARINHO. A VIDA É LINDA E MAIOR DO QUE TUDO. NO MAIS, TÁ DOIS CONTOS O TONHO.



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Di Plural


Cheiro de SovacoQue cheiro você tem?
Di PluralCheiro de desejo, desejo de descobrir coisas novas, de buscar, de inventar.

Cheiro de SovacoO que é loucura para você?
Di Plural Loucura o que estamos fazendo com nosso planeta, as respostas estão aí por todos os lugares e ainda assim cometemos as mesmas loucuras há anos. Loucura é patrocinar o roubo, é uma grande loucura comprar algo roubado acreditando que há vantagens nisso, se ninguém comprar de ladrão, ladrão entrará em extinção, porque vai fazer o que com tantos objetos roubados? mas o homem é tão burro que pensa: se eu não comprar, outro compra e acaba justificando com o erro do outro o próprio erro, é uma loucura tudo isso, e mais loucura ainda é não acordar que somos responsáveis por toda essa violência, essa poluição, essa confusão toda de nosso planeta, é muito cômodo culpar as instituições, os governantes, a sociedade, mas o erro está em cada um de nós. Isso é uma loucura.

Cheiro de SovacoUm ato de loucura!
Di Plural Minha estréia como cantor foi um ato de loucura, em 2002 sem nunca ter cantado antes, decidi colocar um anuncio num jornal local contratando músicos para a formação de grande show de MPB. Depois de juntar uma grana, aluguei o Teatro da Escola Parque em Brasília e marquei o primeiro ensaio para a semana do show, já com toda a divulgação nas ruas. No primeiro ensaio a grande surpresa, eu não sabia cantar, era completamente desafinado, não conhecia harmonias e nem técnicas de canto, mas o show tinha que acontecer. No repertório, o melhor da MPB, músicas gravadas por Elis Regina, Gal Costa, Maria Bethânia, Zizí Possi, Elba Ramalho, Elza Soares e tantas outras grandes cantoras. Teatro lotado. No meio da platéia, Janette Dornellas (cantora) assistia a apresentação com um sorriso estampado, e mesmo com todos os atropelos, ainda voltei para três bis após o show. No camarim, a emoção de ouvir de Janette Dornellas um elogio, Você é um grande artista! um Divo! e que à partir dali me daria aulas de canto gratuitamente porque teria ficado encantada com todo o meu talento.


Abaixo a letra e o clip de Loucura, música de trabalho de Di Plural

Loucura
(Di Plural / Tiago Oberdá / Julian)


De todas as loucuras que já vivi
Foste tu minha maior loucura, minha maior loucura
Por ti passei a viver todos os dias os teus
Eu me doei completamente, me calei pra ouvir a tua voz: Que loucura!

Ainda se não bastasse me deixei ensurdecer pras tuas loucuras
Chorei escondido, fiz que sorri
Tive medo de perder-te: Que loucura!

Por ti babei, me debati de ciúme
Me perdi nas esquinas, esqueci a camisinha: Que loucura!
Me perdi pelos cantos, me escondi dos espelhos
Mordi travesseiros, gritei, enlouqueci!

De todas as loucuras que eu já vivi
Foste tu minha maior loucura, minha maior
Por ti rasguei fotografias, rimei doces melodias
criei espetáculos, fiz serenatas, cartas apaixonadas
Virei madrugadas velando teu sono, madrugadas velando teu sono
Por ti quase que morri: Que loucura!

Que loucura gostar tanto assim de quem nunca foi louco por mim






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O preconceito fede e é uma loucura.

Recentemente mudei-me para um bairro classe média baixa, pra não dizer subúrbio e percebi o tamanho atraso de uma comunidade carente, sem informação, sem cultura e cheia de preconceitos. Sou homossexual e tamanho é o preconceito que sofro que prefiro não revelar minha identidade neste blog. Para não envolver quem me agride e descrimina neste depoimento.

Já havia morado nesta mesma casa há pelo menos uns quinze anos atrás, por motivos bem pessoais, retornei aos trinta e oito anos. O que eu não esperava é que me aproximaria de um antigo vizinho, dezenove anos mais novo que eu, bonito, educado e que a priori mostrou-se extremamente interessado em minha companhia e amizade. Depois de uns dois contatos curtos, trocamos MSN e passamos a nos falar diariamente por internet. Até que o primeiro encontro de fato aconteceu. Um pic-nic no parque da cidade e o suficiente para nos tornarmos ainda mais próximos. Alguns meses de uma relação amigável e sem nenhuma conotação sexual. Mas um heterossexual jamais poderá ter amigo gay, não num bairro pequeno, de vizinhos desocupados e cheios de frustrações. Sua mãe, uma senhora de meia idade, percebeu nossa aproximação e imediatamente o proibiu de voltar a falar comigo, pelo simples fato de ser eu um gay assumido, fui bruscamente interrompido no direito de prosseguir nessa amizade que tanto bem me fez, ao todo quatro meses de curtas saídas, cinemas, lanches, shoppings, e algumas gargalhadas. Medo de o filho tornar-se gay, mas o que ela não sabe, é que ninguém se torna gay, ele é gay ou não é gay, ninguém vira gay, ser gay não é uma opção, a opção está em assumir ou não, ser feliz ou não e mentir ao mundo para não sofrer o que sofro, ou não mentir e correr todos os riscos de uma rejeição. Às vezes sinto-me arrependido em ter assumido minha sexualidade, o que me impede, por exemplo, de seguir nessa relação, talvez, e caso eu não fosse assumido, seria o seu melhor amigo, com o apoio e autorização de seus pais poderíamos viajar, sair, e até namorar tranquilamente, sem que a sociedade suspeitasse de algo, como dois amigos que se gostam e falam a mesma língua, como tantos casos existentes por aí. Não, definitivamente eu não seria feliz na obscuridade, essa gente covarde fede mais que sovaco mal lavado. Sinto mesmo é pena dessa gente.

O que me assusta é que têm formação religiosa, freqüentam igrejas, trazem a bíblia debaixo do braço, será que na igreja que freqüentam, nunca lhes ensinaram que amar ao próximo como a si mesmo, é algo enobrecedor? Será que carregar uma bíblia debaixo do braço não os faz pensar na igualdade, no respeito, nos direitos de todos, e no amor?

Esse é o cheiro de um povo preconceituoso e infeliz, não pode ser feliz quem tem medo de encarar a vida como ela é. Fede e agride o meu olfato esse cheiro de sovaco mal lavado de todo e qualquer preconceituoso.

(carta de um leitor que não quis se identificar)


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